Faço esta breve história porque estou a iniciar a contagem decrescente para a cirurgia e acho importante eu própria parar um pouco para pensar em tudo que está para trás e deu origem a este procedimento cirúrgico.
Como sabem sou uma pessoa obesa. Em mim a obesidade começou em criança e como outras crianças passei por uma série de endocrinologistas que apenas recomendavam dietas e dietas. Daí pouco aprendi e a obesidade, tal como o crescimento, continuou a fazer parte da minha realidade de vida.
Na adolescência, tenho a sensação que estagnou e eu era apenas mais uma miúda com excesso de peso, mas activa, empenhada nos estudos e envolvida em actividades nos escuteiros.
Depois veio o tempo da Universidade e o peso manteve-se, mas começaram alguns excessos alimentares por causa da ansiedade e stress dos exames e provas em época de avaliação.
No entanto, penso que foi nos últimos dez anos que tudo desmoronou e como tal o peso subiu, subiu e cheguei aos 126Kg em 2004.
Pelo meio ia ouvindo comentários maldosos e maledicentes, tanto da família, como dos supostos amigos e claros dos desconhecidos… “Tão gorda!!”, “Parece que estás grávida!!!!”.
Com tudo isto já eu estava nos meus trintas e… e a ver a vida a passar-me ao lado. Estava na hora de fazer alguma coisa.
Incentivada pela minha irmã, fui à consulta de Obesidade, fiz exames e análises, fui submetida a testes psicológicos e o resultado foi a recomendação de colocação da Banda Gástrica. Isso aconteceu em 2007 e inicialmente até resultou bem e cerca de 30Kg.
Mas 2009 e o início de 2010 foram muito atribulados, tanto em termos profissionais, como em termos pessoais. Fui-me abaixo. Tive um esgotamento, andei a Xanax durante cerca de um mês. Ganhei peso novamente e rapidamente cheguei perto dos 100Kg.
Foi demais, regressar à minha rotina após o Verão de 2010 e ver que estava outra vez naquela espiral ascendente de peso.
Decidi ir ao médico, mas desta vez procurei outro especialista e outra equipa de apoio (psicóloga e nutricionista). Pelo cirurgião tudo bem, quem me complicou a vida e me fez marcar passo foi a psicóloga. Agora, percebo as preocupações dela quanto ao meu estado emocional, e cá estamos de cirurgia marcada para a próxima semana.
Vou fazer o “SLEEVE” – cirurgia em que se retira a maior parte do estômago, ficando apenas um tubo.
Começa agora a contagem decrescente! Espero que tudo corra bem! Sinto a ansiedade a crescer, mas sinto também que estou no caminho certo para uma verdadeira mudança e um novo recomeço.
Inté!!!!!!!!!
Maria
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